A casa do Rio Vermelho

O improviso, a sinceridade e o desprezo pelo tempo cronológico são elementos cruciais da escrita de Zélia Gattai. Não é fácil impor uma ordem ao mundo. Tudo o que resta ao escritor é sobrevoar as palavras, conservar-se aberto e disponível para as surpresas da vida e da linguagem. Se escrever é lembrar, escrever é também aceitar a embriaguez das pequenas recordações. Nada melhor, nesse caso, do que narrar a história de uma casa. No bairro do Rio Vermelho, nos anos 1960, Zélia Gattai e Jorge Amado compraram uma bela casa, situada no topo de uma ladeira, que entraria para a história da literatura. Casa sempre pronta a acolher os amigos, a abrigar festas e a estimular o jogo das ideias. Já na porta de entrada, talhada pelo artista baiano Calasans Neto, a figura sensual de Tereza Batista anuncia o acesso a um território regido pela alegria e pela invenção, que não se deixa abalar nem por um infarto de Jorge, nem por uma difícil visita de despedida de Pablo Neruda. Casa que é aberta, com delicadeza e timidez, também para o leitor. "Para quem não conhece os detalhes, peço licença para contar novamente", Zélia escreve, com a gentileza de uma amável anfitriã. Em "A casa do Rio Vermelho", Zélia continua a narrar a saga de sua vida – que se mistura não só com a do marido Jorge Amado, mas com a aventura de toda uma geração de artistas. Sua grande proeza é fazer da literatura não só registro de emoções e de acontecimentos, mas uma maneira de se apropriar do mundo.


Autoria Gattai, Zélia (1916-2008) - aut
Assuntos Amado, Jorge
Gattai, Zélia
Autobiografia
Escritores e escritoras - Brasil
Narrativas pessoais
Casas e residências
Biografia nacional
Editora Record
Tipo Livro
Ano c1999
Extensão 301 p.
ISBN 8501055395
Localização
929(81) G262.26ca 1999
Exemplares 1 exemplar(es)

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