Seriam os atos do homem, às vezes os mais cruéis, necessários para elevá-lo à condição de imagem e razão? Em "A maçã no escuro", Clarice Lispector faz crer que sim, transformando o atordoado Martim em um novo homem após ter supostamente assassinado a mulher. Fugindo do crime, Martim acaba descobrindo-se como homem, desprezando os antigos valores estabelecidos em sua vida. Na corrida por uma nova existência, ele se revela numa outra condição. Sua fuga, em vez de isolá-lo, remonta à criação do homem, de um novo ser surgido do nada. A narrativa, próxima da criação bíblica, em vez de julgar os personagens culpados ou inocentes, faz deles aprendizes do mundo, onde cada etapa funciona como uma gênese de um ser recém-criado. Clarice Lispector coloca-se na narrativa como um espectador capaz de alterar os destinos dos personagens. Agindo como um Deus, a autora muitas vezes abandona as características próprias de cada um deles para fazer uma descrição própria de seus papéis na história maior contada no livro: a vida, a criação, a dor e o prazer de ser.
Autoria |
Lispector, Clarice (1920-1977) - aut |
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Coleções |
O velho graça |
Assuntos |
Crime Literatura brasileira Romance Ficção |
Editora | José Alvaro |
Tipo | Livro |
Ano | 1970 |
Extensão | 257 p. |
Localização | 821.134.3(81) L771.03m 1970 |
Exemplares | 1 exemplar(es) |
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