Ensaio sobre a lucidez

Numa manhã de votação que parecia como todas as outras, na capital de um país imaginário, os funcionários de uma das seções eleitorais se deparam com uma situação insólita, que mais tarde, durante as apurações, se confirmaria de maneira espantosa. Aquele não seria um pleito como tantos outros, com a tradicional divisão dos votos entre os partidos "da direita", "do centro" e "da esquerda"; o que se verifica é uma opção radical pelo voto em branco. Usando o símbolo máximo da democracia — o voto —, os eleitores parecem questionar profundamente o sistema de sucessão governamental em seu país. É desse "corte de energia cívica" que fala "Ensaio sobre a lucidez". Não apenas no título José Saramago remete a um título anterior: também na trama ele retoma personagens e situações, revisitando algumas das questões éticas e políticas abordadas naquele romance. Ao narrar as providências de governo, polícia e imprensa para entender as razões da "epidemia branca" — ações estas que levam rapidamente a um devaneio autoritário —, o autor faz uma alegoria da fragilidade dos rituais democráticos, do sistema político e das instituições que nos governam. O que se propõe não é a substituição da democracia por um sistema alternativo, mas o seu permanente questionamento. É pela via da ficção que José Saramago entrevê uma saída para esse impasse — pois é a potência simbólica da literatura (território em que reflexão, humor, arte e política se entrosam) que se revela capaz de vencer a mediocridade, a ignorância e o medo.


Autoria Saramago, José (1922-2010) - aut
Assuntos Ficção
Política
Sistema político
Democracia
Eleições
Literatura portuguesa
Romance
Editora Companhia das Letras
Tipo Livro
Ano c2004
Extensão 325 p.
ISBN 9788535904802
Localização
821.134.3 S243.10enl 2004
Exemplares 1 exemplar(es)
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