Negro, pobre, feio e sem ninguém no mundo — sua mãe acaba de morrer —, Michael K vaga pela África do Sul convulsionada pela guerra civil. Obrigado a esconder-se da polícia, ele vive à deriva em estradas, fazendas abandonadas, cavernas ou num campo de trabalhos forçados. Michael K alimenta-se de raízes, insetos e, excepcionalmente, de um cabrito que consegue afogar num açude. Dorme em abrigos improvisados ou ao relento e supera a tontura, a ânsia e a letargia. Preso pelo exército, sucumbe às atividades físicas que seu corpo esquálido é incapaz de suportar. Mesmo assim, foge. Pouco a pouco, vai se destituindo dos elementos que o ligam ao mundo exterior, até ver-se reduzido a uma existência em que a realidade parece escorrer-lhe pelos poros. A certa altura, o narrador do livro conclui: "Um homem tem de viver de modo a não deixar sinal da sua vida. Foi a isso que se chegou". Há, contudo, mais que a nota pessimista no processo de animalização por que passa o protagonista. Sua trajetória permite supor que o contato direto com o mundo em volta não apenas contribui para o desenvolvimento de uma vida interior, como parece o único refúgio possível num tempo dominado pela irracionalidade e pela barbárie.
Autoria |
Coetzee, John Maxwell - aut Araújo, Luiz Antônio Oliveira de - trl |
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Assuntos |
Literatura sul-africana Romance Ficção Negros / Negras Desigualdade social Guerra civil - África do Sul |
Editora | Best Seller |
Tipo | Livro |
Ano | c1983 |
Extensão | 190 p. |
ISBN | 857123194x |
Localização | 821.111(680) C673ci 1983 |
Exemplares | 1 exemplar(es) |
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