Quem exatamente teria escrito este livro e a quem se destinaria? Para certos estudiosos mais céticos não se trata de um livro destinado a todos, mas sim produzido pelos sacerdotes para o povo egípcio, isto é, a massa religiosa comum. Com isto o clero cumpria sua função de orientadores religiosos — fomentando e consolidando crenças —, preservava a estabilidade de seu poder político-religioso e garantia enormes lucros financeiros com o vantajoso negócio da mumificação com o fornecimento dos acessórios materiais que deviam acompanhar o morto, inclusive as próprias cópias de "O Livro dos Mortos". Outros, ao contrário, veem no "O Livro dos Mortos" pouco ou nada para religiosos ordinários, profanos e ignorantes — a linguagem narrativa do morto, apesar do estilo grandiloquente, imperioso e persuasivo, marcantemente "auto-promocional", esconderia um conteúdo hermético, na verdade destinado aos iniciados, eleitos e eventuais futuros sacerdotes. Quem sabe a própria narrativa de "O Livro dos Mortos" não fosse a das experiências fora do corpo de um iniciado em projeção astral ou mesmo um hierofante que, simulando a morte física, ensinava e provava o fato da imortalidade ou da existência de um princípio espiritual? Um terceiro partido opta pelo ecletismo, entendo que as duas visões anteriores não são mutuamente excludentes, mas sim harmonizáveis. Para estes, "O Livro dos Mortos" tem dupla face, exotérica/esotérica, dirigindo-se, ao mesmo tempo, aos devotos ordinários e iniciados eleitos, numa redação genial e propositalmente ambígua que pode ser captada literal e superficialmente pelo vulgo e interpretada profundamente pelos estudiosos do oculto.
Autoria |
Negraes, Edith de Carvalho - trl |
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Assuntos |
Morte - Aspectos religiosos Usos e costumes - Idade Antiga Religião Mitologia egípcia Livro dos Mortos Egípcios - Cultura |
Editora | Hemus |
Tipo | Livro |
Ano | [1972?] |
Extensão | 253 p. |
Localização | 2 L788 1972 |
Exemplares | 1 exemplar(es) |
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