Se o conto é gênero universal, a crônica é bem brasileira, e dominar os dois pressupõe mais do que talento. Liberato Vieira da Cunha cristalizou seu nome no veio mais valioso da imprensa local, ali onde a crônica, texto breve, direto, de fundo dialogístico, se fixou como um cotidiano encontro fraternal e mágico. Da crônica ao conto foi um passo, só na aparência pequeno. Mais tarde Liberato revelaria um fôlego inimaginável com o caudaloso romance "As torrentes de Santaclara". Mas, afinal, que categoria de cronista se revela o autor de "Um hóspede na sacada"? E qual é esse de contista? Pois a verdade é que ambos se confundem. Em suma: um apaixonado e um criador de atmosferas, um refinado observador de mundos quase secretos. Quase. Para quem imaginar um indiscutível predomínio da crônica sobre o conto, surpresa: 14 contos e 13 crônicas compõem o total dos textos de onde o escritor emite uma permanente lição de epifanias e simplicidade. Através da transparência que recobre seres e eventos, Liberato realiza sua visita inesperada, aliando a sutileza de um voyeur nada indiscreto com a transgressão de um artista que busca fixar vidas submersas sem apelar para a vulgaridade da violência. No universo diante da sacada do contista/cronista a força que brota não grita, não impõe, não apavora. A sua é uma lição lenta e consistente.
Autoria |
Cunha, Liberato Vieira da - aut |
---|---|
Assuntos |
Literatura gaúcha / Literatura sul-rio-grandense Literatura brasileira Ficção Contos Crônicas |
Editora | Sulina |
Tipo | Livro |
Ano | c1985 |
Extensão | 116 p. |
Localização | 821.134.3(816.5) C972.12hos 1985 |
Exemplares | 1 exemplar(es) |