"Auto da barca do Inferno" (1517) trata-se de uma alegoria dramática: duas são as barcas em que os personagens podem subir, a do Inferno, munida do Diabo, e a da Glória, encabeçada pelo Anjo. Em cena, é realizado o auto do julgamento das almas, e a maior parte delas segue na primeira barca. Entre os "réus", um agiota, um sapateiro rico, um tolo, uma alcoviteira, um usurário, quatro cavaleiros e um frade corrupto, além de outros representantes da humanidade. Muito mais do que uma sátira da sociedade lisboeta em princípios do século XVI, mais do que uma farsa ou um auto de moralidade (embora também o seja), "Auto da barca do Inferno" é um bem-humorado arrazoado dos vícios que corroem o mundo e uma crítica infelizmente ainda válida à organização da sociedade dos homens. "Farsa de Inês Pereira" é uma peça, apresentada primeiramente a Dom João III, rei de Portugal, é considerada a mais divertida, complexa e humanista de Gil Vicente. A personagem Inês Pereira, calculista e ambiciosa, sonha casar-se e livrar-se da vida doméstica, mas, a princípio, não se interessa por Pêro Marques, camponês provinciano, mas honesto, preferindo casar-se com Brás da Mata, escudeiro de má índole e dissimulado. A vida, o caráter e os costumes da jovem são uma crítica às mulheres burguesas, ambiciosas e insensatas da época. Apresentando aspectos históricos, social e linguístico, o teatro poético de Gil Vicente proporciona uma reflexão acerca das mentalidades medieval e pré-renascentista, trazendo à luz uma sociedade em transição. Empregando ironias, paródias, trocadilhos e insinuações apimentadas, o autor mostra sua versatilidade de linguagem neste clássico da literatura.
Autoria |
Vicente, Gil (1465-1536) - aut |
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Coleções |
Biblioteca ZH |
Assuntos |
Literatura portuguesa Roteiros teatrais Ficção |
Editora | Klick |
Tipo | Livro |
Ano | 1998 |
Extensão | 110 p. |
Localização | 821.134.3 V632.08a 1998 |
Exemplares | 2 exemplar(es) |
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